Quando os homens vão para o “norte”. Um olhar sobre os processos migratórios a partir de uma perspectiva de gênero

Resumo

A intersecção entre os processos migratórios dos homens de Michoacan para os Estados Unidos é descrita em relação à representação da masculinidade, a partir da teoria das tecnologias de gênero, de Teresa de Lauretis; performatividade e constituição de sujeitos de gênero, de Judith Butler, a partir dos resultados de uma década de pesquisa qualitativa (2011-2021), que teve como objetivo compreender a constituição de sujeitos de gênero masculino na referida experiência migratória. Foram realizadas entrevistas aprofundadas, grupos focais e observação participante com homens de Michoacan em ambos os lados da fronteira. Coincidentemente, constatou-se que os homens se tornam sujeitos masculinos ao longo da vida a partir da representação da masculinidade, o que determina o trinômio trabalho-remuneração-provisão econômica, formar casal e ser pais; isso pode ser alcançado através da migração, dado que as oportunidades macroestruturais dos Estados Unidos evocam os fantasmas do desemprego e da provisão económica insuficiente que pode ocorrer se permanecerem no seu local de origem. No entanto, a migração também implica desafios na manutenção de relações saudáveis, no exercício da paternidade emocional transnacional, na promoção do autocuidado e na abordagem do seu bem-estar subjetivo e físico.